Caras e caros camaradas,
“Vivemos atualmente um período crítico da nossa história. Hoje, mais do
que nunca, o Estado Direito que fomos defendendo, há mais de 30 anos, sofre
várias ameaças de várias ordens, que colocam em causa o funcionamento da própria
Democracia”.
É esta a frase inicial da Moção Global Estratégica
apresentada pelo camarada António Lacerda Sales, com a qual não poderia estar
mais de acordo.
Efetivamente, os dias que vivemos estão a ser, e serão no
futuro, um desafio para esta geração e para as vindouras. A geração da
esperança, a mesma que viveu abril, fracassou. É um facto. 40 anos depois, o
sistema político está enfermo; as populações não se reveem nas políticas
propostas pelos partidos políticos, principalmente, porque consideram que os
políticos estão, não ao serviço das populações, mas a servir-se das mesmas.
Se até há alguns anos atrás, a Justiça era ainda um reduto
impoluto, hoje todos reconhecemos a promiscuidade entre o sistema político e
judicial. Caso mais evidente são as constantes decisões, e até a falta delas,
que premeiam os criminosos e, como consequência, penalizam quem vive de
práticas de honradez.
Foi este o país criado por essa geração falhada, que tudo
teve e que só delegou nas gerações futuras os enormes problemas gerados. Alguns
dirão que é com os erros que se aprende e que todos têm direito a uma segunda
oportunidade, eu até subscrevo essa tese. O que rejeito liminarmente é a
utilização da política para a concretização de objetivos pessoais, em
detrimento do fundamento da causa partidária, ou seja: a de servir, dentro dos
ideais doutrinários de cada força política, os mais elevados interesses das
populações.
O que me move a mim, e a muitos dos camaradas presentes neste
congresso, em apoiar a moção do camarada António Sales, é tão-somente a defesa
desses basilares princípios sociais, fundamentais para quem representa
populações: a honestidade; a credibilidade; a humildade; a ética; a competência
técnica; a experiência, a persistência e, acima de tudo, o facto de não necessitar
da política para obter dividendos pessoais.
Os futuros representantes das populações terão de deter todos
estes atributos, para que não se cometam os mesmos erros do passado.
É com descomunal lamento que identifico, hoje nesta sala, cidadãos
que apoiaram os nossos adversários políticos; cidadãos que estiveram presentes
em campanhas eleitorais de outras forças políticas, como o PSD; cidadãos que
foram eleitos por outras candidaturas e que nem sequer tiveram o pejo em manter
a militância no Partido Socialista. Felizmente
perderam!
Estes cidadãos são os mesmos fundadores da interminável senda
de derrotas que se iniciou há mais de vinte anos. São os mesmos que tudo têm
feito, nos últimos tempos, para dificultar a árdua tarefa que o camarada Walter
Chicharro e o projeto do Partido Socialista têm em mãos, e todos sabemos bem
com que intenção.
Ganhou o Partido Socialista.
Ganhou a Nazaré!
20 anos depois o PS voltou
a ser poder na Nazaré!
Mas a maior vitória foi a derrota desta doutrina voraz, cuja
única premissa é a defesa dos interesses individuais em detrimento dos
interesses coletivos.
É contra estes métodos de fazer política que me verão, sempre
na frente de batalha, em defesa dos mais elevados interesses das populações,
sempre sob a égide da doutrina socialista.
Nesta retumbante vitória, não pode ser esquecida a
colaboração inexcedível dos órgãos distritais e nacionais, encabeçados pelo até
hoje Presidente da Federação Distrital, João Paulo Pedrosa, e pelo
ex-secretário geral do Partido, António José Seguro, que tudo fizeram para que
o PS concretizasse estas e tantas outras vitórias, no distrito e no país.
A todos eles o nosso enorme e eterno obrigado.
Caras e caros camaradas,
Os próximos tempos serão de enorme exigência e, como em tudo
na vida, é nos momentos mais difíceis que se evidenciam as soluções.
Por vezes, é necessário dar dois passos atrás para se poder
dar quatro passos em frente.
Tenho de acreditar e tenho de me bater sempre pela verdade;
pela seriedade; pela coerência; pelo rigor; pela justiça.
O Partido Socialista precisa de chamar a si as populações.
Necessita de voltar a deter a credibilidade perdida no passado. Este terá de
ser o nosso compromisso para com a nação. Portugal não pode voltar ao passado!
O PS é um partido nascido do povo e para o povo.
O PS somos nós!
Viva da Democracia!
Viva o nosso PS!
Viva o nosso PS!
Muito obrigado!
Orlando Rodrigues