Mar à Pedra

Mar à Pedra

quinta-feira, 5 de março de 2009

RIEN NE VA PLUS

Ao tentar elaborar uma analogia entre a realidade nazarena e o mundo imaginário, não é necessário um grande esforço mental. Poderia fazê-lo de inúmeras formas. Contudo, a primeira que me ocorre é um jogo de Póquer! Passo a explicar. É um jogo onde existem cinquenta e quatro cartas com valias diferentes, que se relacionam e interagem de formas divergentes. Obviamente, não criarei grande tese acerca do jogo em si. No entanto, não resisto a abordar algumas curiosidades que, tal como na vida dos simples mortais, sobrevém oportunidade de escalpelizar.
Existem com certeza, pelo menos, quatro naipes: o de ouros, que corresponde à entidade que vive da política e vê, em primeira linha, a felicidade individual e só, muito depois, a felicidade colectiva. Olha para as fichas expostas na mesa com um olhar siderado, tudo fará, até batota, para conquistar o total do pote; o naipe de copas harmoniza-se com uma entidade altruísta, que apenas se dedica à política para defender as causas colectivas, contudo pode cometer o erro de jogar mais com o coração do que com a razão; o de espadas é um naipe perigoso, e que de onde poderá advir grandiosa “catanada”, raramente, ataca de igual para igual, gosta de se esconder, por vezes, nas costas de um ás de copas e no momento certo dar uso ao fino gume da sua forjada arma; e, finalmente, o naipe de paus, que tem um comportamento obscuro, faz uso da sua faceta misantropa e inócua, contudo é um exímio seguidor do já clássico “bluff”. Existem, também, alguns “caras de paus”, estes com características diferentes, todavia por muito que se escondam debaixo da mesa, todos os jogadores sabem onde encontrá-los.
Neste baralho viciado muitas são as jogadas estranhas, enigmáticas, perigosas e nalguns casos suicidas como, ultimamente, tem sucedido.
É muito difícil jogar este jogo, até porque são muitos os que se dissimulam de naipes que não são o seu, em alguns casos, nem se sabe muito bem qual é o seu naipe. Por isso, para ganhar neste jogo sem regras quem leva vantagem é o naipe de espadas, pois pode fazer uso do seu distinto sabre, porém nem sempre ganha o mais artilhado, mas, em muitos casos, ganha o mais corajoso e competente.
Durante grande parte do jogo todos menosprezaram as copas, eram “fraquinhas” e pobrezinhas. Pois bem, neste momento são as copas que dominam o jogo e, por isso mesmo, os ouros e as perigosas espadas querem pintar o coração das copas. Nada mais irrealizável… Lembram-se? São altruístas, ao contrário da maioria das cartas na mesa.
Estes arrojados naipes tudo fazem para que o pote não se desvaneça, tudo farão para não alcançarem a bancarrota e, precocemente, terem de abandonar o jogo. Durante este jogo já alguém parafraseou Pessoa, e então? Após tanta cartada nunca mais nasce a obra? Ou será que é por culpa da entidade divina que tais obras não se materializam? Se calhar estão aguardando que o Joker venha, profética e “sebastianisticamente” falando, salvar as fichas perdidas ao longo de tantas más jogadas!
Última jogada! Vou tentar adivinhar que cartas têm. Aposto que têm um rei de paus, uma dama de ouros, um valete de espadas e … talvez um duque de ouros. Com esta sequência são uma inutilidade, porém, ainda esperam pelo ás de copas, mas esse tenho-o eu.
- Não digam nada, mas detenho um “seguido e cor máximo” …
- Pago para ver!
- All In!
In, Regiião de Cister
26 de Março de 2009

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