Resolvi, após dois anos, publicar esta declaração, por mim proferida, em Assembleia Municipal da Nazaré. Faço-o numa altura que se prepara a contratualização de um empréstimo de mais de 20 milhões de euros (PAEL) em que as contrapartidas, para além dos juros, são a fixação, por vinte anos, das taxas como IMI, IRS, Derrama, entre outras, no escalão mais elevado.
Faço-o, com a intenção de denunciar um modelo errado de gerir a causa pública e de reiterar que existiram pessoas, durante os últimos anos, preocupados com a situação financeira da autarquia e com as consequências que esta poderia refletir nos munícipes e na economia local.
Recordo que os valores detalhados são já muito desatualizados, infelizmente para todos os nazarenos. A saber: o valor da dívida atual é acima dos 45 milhões. Contudo os números são, por vezes contraditórios, podendo, por isso, ser bem mais elevada, como pode ser evidenciada em alguns documentos oficiais.
Intervenção
(Apreciação da Informação Escrita do
Presidente)
Parece mentira mas é verdade! Apesar do aumento do valor das receitas correntes em cerca de
800 mil euros, receitas estas em que se encontram inseridas os impostos
pagos pelos contribuintes (aumento de 300 mil euros em impostos directos e de
230 mil euros em impostos indirectos), a verdade é que a Câmara Municipal da
Nazaré viu a sua dívida ser agravada em
quase seis milhões de euros.
Apesar das muitas desculpas apresentadas por elementos do
executivo, justificando o aumento exponencial do desequilíbrio financeiro da
autarquia numa diminuição de receitas oriundas de impostos como o IMT, deve ser
aqui reiterado que esta justificação
para além de ser falsa denota um total desconhecimento da verdadeira situação
da autarquia.
Ao contrário do que é dito pelo Presidente de Câmara, o
défice do município nazareno é muito diferente do défice nacional. Só no último ano na Nazaré o défice foi de
100%, ou seja, para receitas correntes de cerca de 8 milhões, a Câmara
apresenta despesas correntes no valor de 16 milhões, ou seja, o dobro.
É importante referir que enquanto autarca, sempre abordei
esta questão da dívida e a sua resolução como condição sine qua non para a criação de mais emprego e investimento no Concelho.
Quando iniciei a minha vida como autarca, a Nazaré tinha uma
dívida calculada em 13, 5 milhões de euros, sendo, desta forma, atribuída uma
dívida per capita (a cada munícipe)
do valor de 900 euros. Já na altura era uma situação muito difícil. De 2005 até
ao dia de hoje, sempre alertei, neste órgão e em órgãos de comunicação social,
para este facto desconhecido por muitos e ignorado por tantos outros.
Desde 2005, ano zero da minha vida política, até final de 2010,
a Câmara Municipal da Nazaré criou uma dívida que mais que duplicou e, pior que
tudo, sempre duma forma injustificada, ou seja, sem obra que o justifique. A
dívida per capita actual é de 1980
euros, o que perfaz o inacreditável número total de 29, 7 milhões. Onde e como isto vai parar? Esta é a pergunta
que todos nós, autarcas e munícipes deste concelho, temos de fazer no imediato.
Jamais poderei esquecer as gargalhadas sardónicas e inconscientes dos que não
acreditavam nas palavras do meu, então, colega de bancada Aníbal Freire, quando
apontava para orçamentos de 40 milhões e dívida de 25 milhões. Onde já vão
estes números? Espero que um dia os mesmos jocosos possam ter a hombridade de
pedir desculpa pela sua ignorância.
Para terminar, não podemos deixar de referir que os limites
de endividamento encontram-se todos em excesso, com particular destaque para o endividamento líquido que se encontra
cifrado nos 9,5 milhões de euros, o que significa, a curto prazo, a perda de mais receitas no próximo ano
oriundas do Estado.
Na última Assembleia Municipal fui apelidado de alarmista,
por colocar em causa a existência futura do Concelho da Nazaré, mas foi e será
o Sr. Presidente da Câmara, alguém que nos últimos tempos nem participa nas
reuniões do órgão a que preside, o autor desse acto difamante, que tem de
explicar e ser julgado no presente. Devo recordar que já aqui defendi a
elevação da Nazaré a cidade sem qualquer “clubismo” e facciosismo político, foi
uma proposta rejeitada, talvez porque no projecto social-democrata esteja
espelhado um objectivo: a regressão da
Nazaré a aldeia.
Uma coisa é certa, por muita ocultação que se faça, por muita
contra-informação que surja só com o objectivo de atropelar a verdade, a
História, mais cedo ou mais tarde, será escrita com todas as vírgulas, pontos
finais e adjectivos necessários para descrever o marasmo imposto ao concelho
nas últimas duas décadas pelo Sr. Presidente de Câmara, o Eng. Jorge Barroso, o
Partido Social Democrata e todos aqueles que, de uma forma ou de outra,
apoiaram e/ou apoiam este modelo falhado.
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